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12 julho 2007

SÃO PAULO
O Banco Central (BC) impediu ontem uma queda maior do dólar. A moeda fechou cotada a R$ 1,8920, em baixa simbólica de 0,05%. Surpreendeu o volume de moeda adquirido por ele no seu leilão das 15h30. Pelas contas dos operadores, ele comprou cerca de US$ 1 bilhão. O mercado de câmbio tinha-se habituado às intervenções modesta. Desde que baixou, no dia 8 de junho, medidas de restrição à montagem de exposições vendidas pelos bancos e desde a volta da volatilidade aos pregões externos, as operações de compra do BC vinham diminuindo de volume e importância. A média diária, já baixa, de junho, de US$ 471 milhões em compras, caiu para US$ 318 milhões este mês. Por isso, o US$ 1 bilhão surpreendeu. Será, contudo, arriscado identificar na relevância financeira do leilão de ontem um indício de uma nova postura da autoridade monetária em relação à taxa de câmbio. Não se trata aparentemente de uma estratégia destinada a puxar para cima o dólar. Em primeiro lugar porque comprou ontem a preço muito baixo. Quando o dólar recuava 0,31%, a R$ 1,8870, o BC entrou no Mercado, mas comprou a R$ 1,8860. Se quisesse interferir em preço, teria fixado taxa mais elevada que a do mercado. Em segundo lugar porque sabe que não tem cacife suficiente para brigar contra um fluxo de entrada muito violento. Para os operadores, é mais provável que a atuação de ontem tenha sido meramente pontual, destinada a recolher um ingresso maciço e específico que teria conseqüências nefastas sobre a taxa se fosse oferecido ao mercado. De qualquer forma, o BC evitou que o dólar refletisse plenamente o retorno do viés positivo aos mercados internacionais. A aversão a risco diminuiu e os fundos saíram do seu abrigo antibombas (os títulos do Tesouro americano) e voltaram a se aventurar pelo terreno minado dos bônus e moedas de emergentes. Tanto que a taxa dos "treasuries" de dez anos subiu de 5,02% para 5,08% e o risco-Brasil cedeu quatro pontos, para 154 pontos-base. Com sinal verde de fora, o mercado futuro de juros da BM&F pôs de lado o mal-estar causado pela reiteração oficial da meta de inflação de 4,5% para 2009 e caiu sem medo. O contrato mais curto, para a virada do mês, cedeu 0,05 ponto, para 11,61%. Os contratos com vencimentos nos três próximos meses de janeiro caíram todos 0,03 ponto, mantendo a inclinação da curva futura. O mais negociado, para janeiro de 2010, recuou a 10,70%. Se Wall Street permitir talvez o DI futuro intensifique as negociações com os contratos que serão diretamente afetados pela reunião do Copom marcada para a semana que vem. Pelas observações do chefe do Departamento de Análises da CMA, Luiz Rogê Ferreira, o reduzido tamanho de posições nos contratos mais curtos de DI (agosto e setembro) assumidas pelo mercado demonstra que "existe incerteza quanto à definição da próxima taxa básica de juros". As opiniões parecem estar divididas entre a possibilidade de redução de 0,50 ou 0,25 ponto na taxa básica, hoje em 12%. Para exemplificar esta constatação, dado o nível de juros e o tamanho das posições negociadas hoje nos contratos de agosto (11,65% e 149.000 contratos) e setembro (11,52% e 76.000 contratos), a estimativa de Rogê é que se o Copom decidisse desacelerar o ritmo de queda para 0,25 ponto, com a Selic recuando para 11,75%, a perda financeira que as instituições financeiras sofreriam seria de apenas R$ 3,3 milhões, "valor insignificante tendo em vista o tamanho gigantesco das posições normalmente assumidas no mercado de taxas de juro da BM&F". O economista observa, contudo, que a previsão implícita nos DIs com vencimentos em agosto e setembro indica uma redução de 0,50 ponto. Pela análise da parte longa da curva de juros feita por Rogê Ferreira, percebe-se que o mercado vem ajustando suas expectativas tanto em função de um período de maior turbulência no cenário internacional quanto em razão do maior grau de incerteza sobre a inflação futura no Brasil. A necessidade desses ajustes decorre do comportamento do mercado de hipotecas subprime americano e da confusão criada pela fixação da meta de inflação para 2009 (4,5%) pelo CMN. Tudo indica que o mercado já absorveu esse cenário negativo com ajustes que oscilaram entre 60 e 90 pontos-base nas taxas anuais dos contratos de DI mais longos. Com o DI já reposicionado, a eventual fixação da Selic em 11,75% "pode vir a ser bastante negativa para as expectativas inflacionárias correntes e, ao final, adicionar mais incerteza no cenário de juros local", diz Rogê, para quem o juro deverá cair para 11,50%

10 julho 2007

Mais um tucano suspeito de irregularidades

A matéria “PF associa prefeito de SC a fraude ambiental”, da Folha de hoje (só para assinantes), notícia o envolvimento de mais um político tucano em denúncias de irregularidades na administração pública. Agora é o prefeito de Florianópolis, Dario Berger (PSDB), flagrado em conversas telefônicas grampeadas pela Polícia Federal na Operação Moeda Verde num suposto esquema de corrupção em favor de empreendimentos imobiliários da capital catarinense.Deflagrada em maio, a operação resultou de investigação com escuta de 26 telefones de políticos, servidores e empresários suspeitos de fraudes em autorizações para construir em áreas de proteção ambiental. As conversas telefônicas do tucano Berger indicam que ele criou uma lei de incentivo fiscal à hotelaria para atender ao empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono do resort Costão do Santinho, um dos mais luxuosos do país. As conversas também revelam que o empresário Marcondes de Mattos doou R$ 500 mil, sem declarar, para a campanha de Djalma Berger (PSB), irmão do prefeito eleito deputado federal no ano passado. A doação teria sido feita em setembro de 2006. O projeto de Berger chegou à Câmara no final de novembro e foi votado em dezembro. O prefeito vetou emendas dos vereadores que beneficiavam pousadas e pequenos hotéis de praia. Em abril deste ano, a Câmara aprovou a lei com os vetos.A delegada Julia Vergara, que preside o inquérito na PF, anotou no relatório que a doação a Djalma Berger, se recebida, não foi lançada na prestação de contas do deputado federal.Ao despachar o relatório à Câmara Municipal (onde há uma CPI do caso) e ao Ministério Público do Estado, o juiz Zenildo Bodnar disse que o inquérito contém "notícias sérias de possível infração disciplinar e indícios graves da prática de improbidade administrativa e, em tese, também criminal".Ao todo, 22 suspeitos tiveram prisão temporária decretada pela Justiça, entre eles Marcondes de Mattos, dois vereadores e três secretários. Todos estão em liberdade, mas na semana passada os vereadores Juarez Silveira e Marcílio Ávila tiveram os mandatos cassados.