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25 abril 2007

Banco do Sul e Banco Central:casa de ferreiro,espeto de pau?


O governo brasileiro está preocupado em garantir que o formato do Banco do Sul incorpore normas técnicas que assegurem o retorno dos recursos ali aportados. É prudente. A nova instituição não pode nascer sob a suspeitas de qualquer tipo. Muito menos de que se possa reeditar em escala continental um clone da ex-conta movimento do Banco do Brasil. Em bom português: um imenso saco sem fundo de recursos públicos para financiar erros administrativos e /ou excesso de gastos governamentais.Há normas técnicas conhecidas para evitar que isso ocorra. O Brasil tem um mercado financeiro de sofisticação só equiparável aos dos EUA e Inglaterra, sabe como fazer a coisa certa. Há técnicos, desde os escolados aos competentes, e até mesmo patriotas, que poderiam orientar a equipe econômica nessa direção. Ademais, como sócio maior da integração sul-americana, nosso país não teria a menor dificuldade de adicionar salvaguardas ao projeto original do Banco do Sul, apresentando-as como requisito para sua adesão.As reuniões das quais o ministro Guido Mantega participou esta semana, em Washington, com parceiros sul-americanos, na sede do Banco Mundial, serviram de eloqüente demonstração dessa receptividade: tanto que o ministro saiu de lá como aliado do projeto.É forçoso dizer, ainda, o seguinte: não há nenhum sinal concreto de que a motivação original da Venezuela e Argentina, que ganhou apoio do Equador, Bolívia e Paraguai, seja a de erguer um saco sem fundo orçamentário no coração da América Latina. Ou um organismo inseminado de má administração congênita, capaz de resvalar para o limbo ao qual pertence hoje o FMI, por exemplo. Roído pelo descrédito político e desmoralizado pela administração gazeteira face a "lições de casa" que se notabilizou em prescrever às nações pobres, o Fundo monetário é um exemplo de como não deve ser o Banco Mundial. Obsequiosa, porém, a imprensa nativa prefere alardear o "risco potencial" de um banco chavista. Na cúpula de energia realizada esta semana na Venezuela, o Brasil também optou por jogar seu peso político para colocar o projeto no escaninho das agendas remotas. Aparentemente, nossas autoridades entenderam que esse era o melhor caminho para evitar que decisões tomadas de afogadilho viessem a comprometer recursos futuramente alocados na instituição.Evitar prejuízos com dinheiro público é uma obrigação de qualquer governo. Nesse aspecto, o receio brasileiro é compreensível. Mas a mesma cautela, e o rigor, deveria orientar também nossas autoridades em relação a atos e decisões de um outro Banco, de sua exclusiva competência e responsabilidade. O Banco Central brasileiro não responde a agendas políticas nem a cronogramas determinados por Chávez, Morales ou Correa. Apesar disso, segundo reportagem de hoje, na Folha, só no primeiro trimestre deste ano essa instituição, de genuína responsabilidade nacional, cravou um não desprezível tombo de R$ 1,9 bilhão de reais nos cofres públicos do país. Motivo: malversação de recursos em operações cambiais .Estamos falando de quase U$ 1 bilhão de dólares, perdidos não por adesão a qualquer projeto "chavista", mas por má condução da política monetária soberana do país.Mais que nunca, uma atitude rigorosa neste caso se faz necessária. Trata-se de dar robustez e coerência às cautelas, legítimas, repita-se, exibidas em relação ao projeto de banco sul-americano. O Brasil tem aí uma boa oportunidade para não passar recibo de que é mais um protagonista do velho adágio segundo o qual , em casa de ferreiro, espeto de pau.Aguardemos as demonstrações de cautela e rigor em relação a mais esse tombo da política monetária contra o país.

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